terça-feira, 7 de julho de 2015

Estados Unidos voltam a dominar o futebol feminino


Estados Unidos voltam a dominar o futebol feminino

Liderado por Carli Lloyd, o time chegou ao terceiro título mundial em 7 Copas disputados. Se os homens seguirem o exemplo...


Os Estados Unidos golearam o Japão por 5 a 2, em Vancouver, e conquistaram o terceiro título mundial de futebol feminino, na Copa realizada no Canadá. Assim, as norte-americanas voltam a dominar a categoria (com três títulos), que estava dividida com os dois títulos da Alemanha, nos mundiais de 2003 e 2007. Noruega e Japão têm um título cada. De quebra, a meia Carli Lloyd foi a artilheira (com Sasic, da Alemanha, ambas com 6 gols) e melhor jogadora da competição, e Hope Solo foi eleita a melhor goleira. Foi a primeira vez que a Copa do Mundo Feminina foi disputada por 24 seleções.

Rampone (3) e Wambach (20) levantam a terceira taça norte-americana (www.ussoccer.com)

Esse domínio norte-americano justifica-se pela aplicação de um time que, mesmo veterano, se impôs nos momentos decisivos, deixando possíveis vaidades pessoais de lado. Várias jogadoras talvez nem disputem os Jogos Olímpicos do Rio em 2016, como a atacante Abby Wambach (35 anos) e Christie Rampone (40 anos), e outras que já passaram dos 30. O time é experiente, perdeu o título de 2011 na Alemanha, para o mesmo Japão, nos pênaltis, e voltou a conquistar o título depois de 16 anos: o último tinha sido em 1999. Apesar de organizar a competição novamente em 2003, o time nem chegou à decisão.

Primeiro campeão


A história do próprio futebol feminino está diretamente ligada ao time dos Estados Unidos. Se no masculino o time ainda luta para se impor, sob o comando do alemão Jürgen Klinsmann, e ganhar respeito dos adversários, as mulheres comandam – e com seriedade. Desde a craque Mia Hamm, a “Pelé de saias” e Michele Akers, ainda em 1991, na primeira Copa do Mundo, vencida na China, até os tempos da eficiente Wambach e das belas Hope Solo e Alex Morgan, o “soccer” é uma febre na Terra do Tio Sam. Em sete mundiais, a equipe sempre chegou entre as três primeiras: foram três títulos, um vice e não desanimou e venceu as três definições de terceiras colocações. Sempre no pódio. Nos Jogos Olímpicos o desempenho é ainda melhor: medalha de ouro em 1996, 2004, 2008 e 2012, e prata em 2000 (perdeu para a Noruega na prorrogação).

Carli Lloyd

Carli Lloyd é a melhor da Copa e artilheira em momentos decisivos (www.ussoccer.com)

A meia, que se tornou atacante a partir da fase oitavas-de-final, quando Wambach teve problemas físicos e também não rendeu o esperado (errou um pênalti contra a Colômbia, que a deixaria ao lado de Marta, com 15 gols, na história da artilharia das Copas), foi fundamental. Herdou a faixa de capitã de Wambach e também os gols. Marcou em todos, sendo três na decisão. O terceiro e último foi marcado da linha central do campo, um gol que Pelé tentou e não conseguiu, no México, em 1970. Lloyd conseguiu, superou o drama de ter errado um pênalti contra o Japão na final de 2011, e mostrou que é jogadora decisiva: marcou o gol da medalha de ouro em 2008, em Pequim, contra o Brasil, os dois da final olímpica de 2012, em Londres, contra o Japão, e três nessa decisão de Copa. Enfim, entrou para a história do futebol.

Rampone

Christie Rampone, que levava o sobrenome Pearce na Copa de 1999 (casou-se com Chris Rampone em 2001), torna-se uma lenda do futebol feminino, com marcas difíceis de serem superadas. É a única remanescente da conquista de 1999, ou seja, voltou a levantar a Copa 16 anos depois. Como comparação basta lembrar que Pelé conquistou a primeira Copa em 1958 e a última em 1970, 12 anos depois. Ela disputou todos as Copas desde então e quatro Olimpíadas (três ouro e uma prata). No Canadá jogou apenas 14 minutos, em duas partidas, incluindo os minutos finais contra o Japão. Ela levantou a Copa junto com a outra capitã, Wambach. Um respeito à trajetória de ambas.

Rampone: dois títulos mundiais e três olímpicos (www.ussoccer.com)

Se o futebol masculino, com a Major League Soccer (MLS), crescer e acelerar o ritmo atual, os “marmanjos” também podem chegar ao mesmo sucesso das mulheres num tempo menor...

Inglaterra

Se os homens não conseguem sucesso nas Copas, as mulheres britânicas conseguiram um feito: o terceiro lugar, superando a Alemanha, por 1 a 0, na prorrogação. As inglesas estiveram próximas de ir para a prorrogação ou disputa de pênaltis contra o Japão, quando dominavam a partida, mas um gol contra, de Basset, nos acréscimos, definiu a derrota por 2 a 1. A Alemanha tem uma geração nova surgindo, a França (sede da próxima Copa, em 2019) também, além da evolução de outros países. O Brasil, com a liderança de Marta, ainda carece de um campeonato competitivo, pois uma Copa do Brasil, eliminatória, é insuficiente. Como a CBF nunca ligou para o futebol feminino, se a situação não mudar as coisas irão piorar no futuro...