Alemanha vence na prorrogação a Argentina e chega ao tetra com trabalho duro
Götze marca o gol do título de um time que joga em grupo e não aposta em um talento individual; Argentina fez o que pôde e quase chegou ao tri
Calma! O gol 171 do título não é um estelionato! É apenas
e tão-somente o gol número 171 da Copa de 2014! Marcado no minuto 113 do jogo
(ou 8 do segundo tempo da prorrogação) por Götze, após cruzamento de Schürrle,
a Alemanha chegou ao sonhado e trabalhado título de tetracampeã mundial no
Maracanã. O 1 a 0 bastou para o melhor ataque, o time que se preparou para ganhá-lo.
Pela primeira vez, um país europeu ganhou nas Américas. E a Alemanha também
conquistou o Brasil com simpatia, com alegria!
A Argentina teve chances de ser tricampeã. Higuaín perdeu
um gol feito no primeiro tempo. Nunca deverá se esquecer deste lance. Assim
como Palacio perdeu outra chance diante do ótimo goleiro Neuer. Messi também
teve uma chance. E os argentinos lutaram como puderam, contra um bom adversário,
bem montado, e até contra suas próprias condições físicas. O vice deverá ser
comemorado pelos “hermanos”, pois perderam com dignidade.
Lahm levanta a taça do tetra alemão (www.dfb.de)
A Alemanha perdeu Khedira no aquecimento. Assim, Kramer
entrou em seu lugar, mas uma forte ombrada na cabeça de um adversário o tirou
do jogo ainda no primeiro tempo. A Argentina dominava, marcava bem. Schürrle
entrou e começou a mudar o ritmo do jogo. A tentativa de explorar o suposto
lado fraco de Höwedes, pela lateral esquerda, não deu certo. Ele jogou bem,
apesar de não ser da posição. Não comprometeu.
Höwedes acertou uma cabeçada na trave no primeiro tempo.
Müller e Kross desperdiçaram algumas chances da entrada da área, mas se
movimentaram bem. Schweinsteiger foi um gigante no meio de campo, comandando as
ações, Özil se movimentou bem. O técnico Joachim Löw mudou as posições dos
atacantes em vários momentos, buscando espaços e para explorar o cansaço
argentino.
Götze marca o gol do título na prorrogação (www.dfb.de)
Na prorrogação, a boa condição física alemã pesou. E num
ataque pela esquerda, após jogar pela direita e no centro do ataque, Schürrle,
pela esquerda, avançou e cruzou para Götze, um meia que passou a atuar como
centroavante, dominou no peito e chutou de esquerda, de primeira, sem deixar a
bola cair, para fazer o gol do título. O goleiro Romero fechou mal e facilitou
a conclusão.
Götze fez o gol do título. E na comemoração, segurou a
camisa 21 de Marco Reus, cortada por contusão antes do embarque ao Brasil. Com
Reus, a Alemanha teria mais versatilidade e, talvez, conquistasse o título com
mais tranquilidade. Götze e Reus são bons amigos, de longa data, jogaram juntos
no Borussia Dortmund. No jogo da contusão de Reus, contra a Armênia, Götze fez
gols e não os comemorou devido ao infortúnio do amigo, que ficou em casa. E
agora Götze entrou para a história do futebol.
A Alemanha não foi premiada com o título. Ela buscou o
título. Ela trabalhou pelo título. Montou sua estrutura de concentração em
Santa Cruz Cabrália, no interior baiano, interagiu com a comunidade, com os
índios, com os brasileiros. Foi um time simpático, alegre, com bom toque de
bola. Antigamente era só forte, competitivo, agora está mais solto e gostoso de
ver. Quem assiste à Bundesliga, o Campeonato Alemão, entende o que está
descrito neste texto. Do fracasso na Eurocopa em 2000 e 2004, a Federação Alemã
mudou muito coisa em seu futebol e agora, enfim, chega a um título, após perder
duas semifinais de Copa e de uma Euro, e perder uma final de Copa e de uma
Eurocopa.
Messi contra Schweinsteiger, uma boa disputa (www.dfb.de)
A Alemanha veio para conquistar o título. Não falou que
estava com uma mão na taça. Trabalhou forte para colocar as mãos na taça. E
chegou lá. Miroslav Klose chegou aos 16 gols em Copas, mas o que importava a
ele era ser campeão. E foi. Müller poderia ser o artilheiro de uma Copa, pela
segunda vez, um fato inédito, mas queria o título, e conseguiu. Schweinsteiger
é um lutador e trabalhou pelo título. E conseguiu. Neuer melhora a cada dia
como goleiro, não faz defesas espalhafatosas, e ainda foi eleito o melhor da
Copa. Podolski é experiente, ficou na reserva, pouco jogou, e sempre foi
alegre, apoiador do grupo.
Na próxima Copa Klose não estará e Schweinsteiger,
Podolski e Lahm talvez também não. E quem imagina que isso será problema,
esqueça. O restante do time é jovem e tem uma nova geração, bem forte, e agora
vencedora, para reforçar esse time.
Vale um louvor para Jürgen Klinsmann que começou o
trabalho de renovação para a Copa de 2006. Para Jürgen Klopp, técnico do
Borussia Dortmund, que trabalhou com vários desse grupo. Para Jupp Heynches,
que fez um Bayern München vencedor com boa parte desse time. E para Pep
Guardiola, que também trabalhou o toque de bola com vários dos jogadores no
último ano pelo Bayern.
Resumindo: trabalho dá resultado! Parabéns à Alemanha!
Venceu o futebol bem trabalhado! Messi é craque, mas precisa de auxílio de bons
coadjuvantes.