segunda-feira, 30 de junho de 2014

Alemanha bem fisicamente

Vitória na prorrogação sobre Argélia mostra a força do time europeu

E a França bateu a Nigéria quando resolveu atacar e, agora, ambas se enfrentam na fase quartas-de-final, no Maracanã

A Alemanha demonstrou, em 120 minutos de futebol, a sua velha paciência para vencer uma partida. Um time que se aplica, mas não se desespera. É uma tranquilidade irritante de ver. Mas eficiente! Enfrentou uma valente Argélia, que nada tinha a perder, em Porto Alegre, e os três gols do jogo, com vitória alemã por 2 a 1, foram marcados na prorrogação. Não fosse o goleiro M’Bohli, a Argélia teria sido goleada ainda no tempo regulamentar. Os argelinos (na verdade pode-se dizer até que seria uma França B, já que 17 dos jogadores nasceram na França) se fecharam bem e exploraram contra-ataques em velocidade. E a tática só não funcionou por um motivo: a Alemanha está bem preparada fisicamente.

Podolski e Hummels nem estavam relacionados para o jogo, por contusões ainda não superadas. E Mustafi sentiu uma contusão muscular no segundo tempo e foi substituído. Mas, ainda assim, o time demonstrou paciência. Schweinsteiger, que não está totalmente recuperado de uma contusão jogou 110 minutos, correndo sempre com a mesma aplicação. O time dirigido por Joachim Löw treina no interior da Bahia diariamente. Não é um time que apenas curte as belezas naturais do local. Essa determinação poderá fazer diferença na reta final da Copa.

 Schürrle comemora o primeiro gol alemão (www.dfb.de)

Schürrle, de letra (calcanhar), e Özil fizeram os gols da Alemanha e Djabou descontou para a Argélia. O jogo, tão comentado pela “marmelada” de Gijón, ou “jogo da vergonha” de 1982, entre as duas seleções, que prejudicou os africanos, quitou aquela dívida. Jogo disputado, na bola, no coração. E mesmo saturados fisicamente, os argelinos caíram em pé.

Agora a Alemanha enfrentará a França, nas quartas-de-final, no Maracanã. Será um jogaço! Duas equipes europeias aplicadas e o vencedor estará na semifinal contra Brasil ou Colômbia, que se enfrentarão em Fortaleza no mesmo dia.

 Franceses comemoram a vitória sobre a Nigéria (www.fff.fr)

A França venceu a Nigéria por 2 a 0, em Brasília, com gols de Pogba e Yobo (contra). Os gols surgiram nos minutos finais e os nigerianos não tiveram força para reagir após o primeiro gol, ocorrido na falha do goleiro Enyeama. A Nigéria não ficou só na defesa, até atacou muito nos dois tempos. Mas a França, quando saiu para jogar, nos dois períodos, se impôs e mostrou força. Se na primeira fase não se pôde avaliar tanto a força francesa, num grupo mais modesto, esse jogo, sob calor forte, mostrou que a França lutará para chegar as semifinais.

domingo, 29 de junho de 2014

Táticas iguais, resultados diferentes


México e Costa Rica saem na frente e recuam: apenas um passou

Pela sexta vez consecutiva, o México não passa das oitavas-de-final, mas a Costa Rica consegue o feito histórico e está entre os oito melhores da Copa


Os dois times da Concacaf que jogaram neste domingo adotaram táticas semelhantes quando saíram na frente no resultado. Porém, o erro custou a eliminação de um e quase a do outro. O México pecou ao recuar e a Costa Rica só se classificou nas cobranças de pênaltis.

Os mexicanos, acostumados ao calor de seu país, fizeram um primeiro tempo melhor que a Holanda, sob sol forte em Fortaleza. Mas perderam vários gols e o juiz ainda não marcou pênalti claro em Robben no final da etapa. Aliás, no mesmo lance, poderia escolher qual a infração, já que Robben foi calçado duas vezes no mesmo lance. E para o azar dos mexicanos, Hector Moreno ainda fraturou uma das tíbias no lance, depois de tentar corrigir o erro que teve no meio-de-campo.

No segundo tempo, o gol de Giovani dos Santos, logo no início, levou o México a recuar. O goleiro Ochoa fez uma defesa espetacular e a bola ainda bateu na trave. A Holanda se jogou ao ataque, alterações táticas foram feitas por Louis Van Gaal, mas sem desespero. Na tranquilidade europeia, Sneijder empatou quase no final. Era quase certa uma prorrogação, mas uma precipitação do experiente Rafa Márquez culminou em pênalti em Robben, nos acréscimos. Huntelaar cobrou, marcou e garantiu a vitória por 2 a 1 para os holandeses. Os mexicanos pecaram ao não buscar o segundo gol, pois estão acostumados a jogar sob o sol do meio-dia em seu país. Um time bem montado por Miguel Herrera, que pecou nessa estratégia.


Huntelaar (19) comemora o gol da classificação holandesa (www.knvb.nl)



Em Recife, a Costa Rica enfrentou a Grécia e empatou por 1 a 1. Os gregos, aplicados taticamente, pecam em jogadas ofensivas e nas conclusões, mas sempre buscaram o gol. Os costarriquenhos, que passaram  o grupo que tinha Uruguai, Itália e Inglaterra, ficaram na defensiva, ao estilo grego. No segundo tempo, num lance insólito, Bryan Ruiz chutou despretensiosamente e fez 1 a 0. Os gregos, então, continuaram atacando, mas sem coordenação. A expulsão de Duarte ajudou um pouco, mas o empate só saiu nos acréscimos, com Sokratis Paspatathopoulos. Na prorrogação, a Costa Rica explorou mal os contra-ataques, sem força. Mas a descoordenação grega evitou que o time europeu marcasse o segundo gol, além, é claro, das boas defesas de Navas.

No final da prorrogação, Navas evita gol de Mitroglou (www.epo.gr)

Nas cobranças de pênaltis, quase tudo perfeito. A Costa Rica marcou as suas cinco cobranças, enquanto o experiente Gekas teve a cobrança defendida por Navas. O goleiro de Costa Rica se adiantou, mas, a exemplo da adiantada e defesa de Julio César, na véspera, entre Brasil e Chile, o árbitro não voltou a cobrança. O juiz também pecou e não viu um pênalti para Costa Rica ainda no primeiro tempo, num lance rápido: toque de mão de Torosidis. O que era para ser o fim do encanto de Costa Rica, se prorroga. Mas com o desgaste físico poderá ser batida por Holanda, em Salvador, já que os holandeses não são os gregos nas conclusões.

Time ‘pilhado’

Brasil passa nos pênaltis, mas futebol mesmo...

Time de Felipão é desequilibrado emocionalmente e taticamente, além de que a preparação física deixa a desejar visualmente

O Brasil passou pelo Chile, no sufoco! Na verdade, empatou, e passou no critério de desempate, nas cobranças de pênaltis, por 3 a 2, no Mineirão. Futebol por futebol, o Chile foi melhor e pecou nas finalizações. Taticamente, um time aplicado, bem montado. O empate por 1 a 1 (gol contra de Jara e Alexis Sánchez) mostrou um time brasileiro apático, nervoso, com esquema tático que não funcionou e jogadas individuais para tentar resolver o problema de péssimas atuações.
Esperava-se que a saída de Paulinho e a entrada de Fernandinho resolveria o problema no meio-de-campo. Não resolveu. Fernandinho distribuiu uma série de pontapés e o péssimo juiz inglês Howard Webb contemporizou. Fosse enérgico, rígido, Fernandinho poderia até ter sido expulso e Neymar teria recebido um cartão amarelo, pois não perde a mania de fazer faltas desleais e reclamar que nada fez.
E, fisicamente, além de emocionalmente (sentindo a pressão de jogar em casa), o time brasileiro está péssimo. O tempo de preparação física, agora, talvez seja tarde demais. Isso está refletido no próprio treinador Luiz Felipe Scolari, que está descontrolado. Para ele, o mundo está contra a seleção brasileira. Na verdade, essa seleção está contra ela própria. Tiago Silva, o capitão do time, que teoricamente deveria ser o mais tranquilo, é o mais nervoso, descontrolado emocionalmente, e pediu para ser o último cobrador de pênaltis. E Fred, que criticou a punição a Suárez, fez um ato estúpido no intervalo, provocando o chileno Medel. E a Fifa, que “preza” o fair play, não irá puni-lo?

Se a bola de Pinilla fosse um pouco abaixo do travessão... (anfl.cl)

O goleiro Julio César fez duas defesas – claro que na primeira o mundo viu e o péssimo juiz Webb fingiu que não viu que ele se adiantou – nas cobranças dos pênaltis, mas estava com uma pressão além do normal. Ele colocou o mundo em suas costas e agora é citado como herói de um time que joga um péssimo futebol. Se a Copa está ótima dentro de campo, e está, o Brasil é uma das piores equipes até agora. Futebol inseguro e que aposta apenas em Neymar. E cria um clima de animosidade contra o mundo.
A Colômbia venceu o Uruguai por 2 a 0, no Maracanã, com dois gols do artilheiro da Copa James Rodriguez, e será o próximo adversário do Brasil, em Fortaleza. Muitos irão falar que os colombianos não têm tradição, tentarão evocar números entre ambos, não em Copas, pois será o primeiro confronto, mas a Colômbia não é mais um time bobo.
O excelente técnico argentino José Pekerman, que formou as melhores bases do futebol argentino nas últimas duas décadas (e foi eliminado apenas nos pênaltis pela Alemanhã, em 2006), ajustou um time, não um amontoado, como os comandados de Felipão. A Colômbia tem esquema tático, aplicação, toque de bola, dois jogadores que podem desequilibrar (James Rodriguez e Cuadrado), e ainda sem Falcao García. O Brasil pode até passar, mas não será na camisa. Se não for na bola, os jogadores irão explodir emocionalmente novamente, mas não de alívio por uma vitória em pênaltis. Irão para suas casas.
E vale um registro da torcida brasileira no Mineirão: que a vaia sobre o adversário possa ser uma pressão sobre o adversário, tudo bem, faz parte do futebol. Mas vaiar o hino nacional à capela do Chile (como os brasileiros fazem, a plenos pulmões, achando que ganharão a Copa no grito, no gogó) foi um ato de desrespeito. Isso não é patriotismo! É estupidez! Respeito é bom e todos gostam!

quinta-feira, 26 de junho de 2014

Müller marca de novo



Alemanha, Estados Unidos e Argélia avançam na Copa

Os quatro últimos jogos da primeira fase foram ótimos, com emoções e despedidas, como a de Cristiano Ronaldo

Thomas Müller fez o único gol da vitória da Alemanha por 1 a 0 sobre os Estados Unidos, em Recife. As duas seleções se classificaram, pois Gana (gol de Gyan) perdeu por 2 a 1 para Portugal (um gol contra de Boye e um de Cristiano Ronaldo, em Brasília. Os portugueses precisariam fazer mais três gols para se classificar. Oportunidades não faltaram, mas Cristiano Ronaldo, no sacrifício, desperdiçou pelo menos três claras que não perderia em condições físicas ideais. O resto do time português é uma decepção. Alguns esforçados, outros fracos demais, começando pela defesa, com Pepe e Bruno Alves. Não tinha como ir adiante.

Müller marca seu quarto gol na Copa (www.dfb.de)

A Bélgica, mesmo jogando um tempo com dez jogadores, venceu a esforçada e rápida, mas imprecisa, Coreia do Sul, por 1 a 0 (gol de Vertonghen), em São Paulo, terminando a primeira fase com 100% de aproveitamento. Mas o futebol belga ainda não convenceu. A Rússia empatou por 1 a 1 contra a Argélia, em Curitiba – gols de Kokorin para os russos e de Slimani para os argelinos. Com o resultado, os africanos se classificaram pela primeira vez para a fase oitavas-de-final em quatro Copas. Foi um time valente, lembrando que em 2010 a Argélia não fez um gol em três jogos, embora tenha empatado sem gols contra a Inglaterra. Aos russos restam se preparar para 2018. Foi uma decepção. Futebol pragmático, previsível, sem criatividade, com péssimas atuações desde os amistosos. Previsível o fiasco.

A Alemanha enfrentará a Argélia, revivendo um jogo histórico de 1982. Em Gijón, na Espanha, os argelinos venceram por 2 a 1, na estreia – foi a primeira vitória de uma seleção africana em Copas. E tem o encontro com a história, já que aquela Alemanha fez um “jogo de cumprades” com a Áustria, que desclassificou a Argélia da fase seguinte. O outro confronto será entre Bélgica e Estados Unidos.

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Messi subindo


Argentina faz bom teste, França se poupa

Messi fez dois gols, fez o seu melhor jogo na Copa, e a França fez uma ótima partida com time misto contra o Equador, apesar do empate sem gols


O argentino Lionel Messi fez a sua melhor partida na Copa contra a Nigéria, no Beira-Rio, na vitória por 3 a 2 sobre a Nigéria. Fez dois gols de falta e Rojo marcou o outro. Musa fez os dois gols nigerianos, também classificados, e mostrou que a defesa dos ‘hermanos’ ainda tem falhas bizarras. Agüero saiu machucado e preocupa, mas Lavezzi entrou bem. E Messi, fominha de bola, nem jogou o tempo todo. Agora, terá pela frente a boa Suíça, que não é mais tão defensiva e ataca bem, sempre com perigo. A Nigéria, como surpresa, enfrentará a França.

Messi pede passagem e melhora a cada jogo (www.afa.org.ar)

O Irã foi o último time a marcar gol na Copa, mas perdeu por 3 a 1 para a Bósnia, em Salvador. Os iranianos sonhavam com a vaga inédita, mas ainda falta qualidade técnica para isso.

A França, no Maracanã, começou com apenas quatro titulares contra o Equador, mas teve boa atuação. Foi o “melhor 0 a 0 da Copa”, pois oportunidades não faltaram, para ambos, com bola na trave e o goleiro Dominguez fazendo defesas seguras. Os equatorianos precisavam vencer para se classificar, e ainda torcer contra a Suíça. Não deu! O gol sofrido nos acréscimos, na estreia, foi decisivo.

Em Manaus, a Suíça venceu Honduras com tranquilidade, por 3 a 0, três gols de Shaqiri. Suíços e hondurenhos ainda perderam vários gols. Foi um jogo agradável!

terça-feira, 24 de junho de 2014

‘Hannibal’ Suárez, gregos e...


Uruguai supera a Itália e Grécia passa pela Costa do Marfim

Godín é decisivo outra vez e os africanos, péssimos na defesa, ficaram pelo caminho nos acréscimos

Uruguai e Itália era uma decisão em Natal. Os europeus, bem postados em campo, não deixavam os sul-americanos criarem jogadas. Porém, Balotelli já preocupava e poderia ser expulso. O técnico Cesare Prandelli teve medo, óbvio, e tirou o atacante no intervalo. Atitude preventiva, mas o meia Marchisio foi mais estúpido e fez falta desleal em Arévalo Rios diante do juiz. Foi expulso e mudou o jogo. No calor no Nordeste, a Itália sucumbiu e errou na marcação de um escanteio e Godín fez o gol da classificação de cabeça (1 a 0). O desespero do goleiro Buffon, nos acréscimos, indo ao ataque, mostrava que a Itália já não tinha mais força. E Prandelli se demitiu do cargo, em caráter irrevogável. Ruim, pois fazia a Itália jogar ofensivamente, não só se fechar na defesa.

Vale lembrar que o atacante Luis Suárez deveria ter sido expulso. O árbitro não viu a mordida do jogador no ombro do zagueiro Chiellini, em jogada sem bola. Porém, Suárez deverá ser suspenso pela Fifa, que usará as imagens da partida para isso. Suárez, que se esforçou para se recuperar de cirurgia há menos de um mês, fez dois gols importantes contra a Inglaterra há dias atrás, colocou o seu próprio futuro na competição em risco. Não foi a primeira mordida do “Hannibal” Suárez: isso já ocorreu quando atuava pelo holandês Ajax e no ano passado pelo inglês Liverpool. Ou seja, ainda não aprendeu. Um artilheiro nato com a bola nos pés, mas que tem uma cabecinha fraca. É o “Balotelli uruguaio”.

Suárez morde o ombro de Chiellini fora de bola (reprodução TV Globo)


No Mineirão, Costa Rica e Inglaterra empataram sem gols. Um jogo modesto, nada mais. Interessava à Costa Rica o empate para ser a primeira colocada do denominado “Grupo da Morte”. E saiu invicto! Se for eliminada pela Grécia, que joga bem defensivamente, com aplicação tática, mesmo assim será recebida com festa. Já fizeram sua própria história.

No outro grupo, a Colômbia goleou o Japão por 4 a 1, em Cuiabá, numa partida movimentada. Os japoneses brigavam pela segunda vaga da chave, mas pecaram em conclusões. O time é bom, mas ainda falta malícia. Os colombianos, com time misto, fizeram outra boa exibição. James Rodriguez mostrou que é talentoso e o goleiro Mondragón entrou para a história, no final, por ser o jogador mais velho a entrar em campo: 43 anos. E também que disputou Copas em período mais distante: é o único que disputou a Copa de 1994.

Enfim, a Grécia precisava vencer a Costa do Marfim. E conseguiu. Fez 1 a 0 (gol de Samaris) no primeiro tempo, aproveitando falha de Tioté e desperdiçou várias oportunidades na segunda etapa. Sofreu o empate (gol de Bony), mas o time de Drogba não soube segurar o empate da classificação. Sio, que substituiu Drogba, ironicamente, fez um pênalti nos acréscimos. Samaras cobrou e fez o gol da vaga grega: 2 a 1. Apesar da limitação técnica, a Grécia é muito aplicada e poderá passar pela Costa Rica nas oitavas-de-final. Não é um time bobo. E o Uruguai enfrentará a Colômbia, em jogo equilibrado.