quarta-feira, 11 de julho de 2012

O passado de um grande...


Stade de Reims sai do ostracismo depois de 33 anos

Time foi destaque e dominou o futebol francês nos anos 1950

Após 33 anos de penúria, convivendo com a rotina de acessos e descensos nas divisões inferiores, inativo e até falido, o Stade de Reims, da França, retorna à elite na temporada 2012-13. O clube, da histórica Reims, cidade da região de Champagne-Ardenne, a 130 quilômetros de Paris, marcou época, na década de 1950, como a primeira geração de ouro do futebol francês, com títulos e jogadores de destaque mundial. Foi o primeiro vice-campeão da Copa dos Campeões da Europa, a atual Liga dos Campeões (Champions League), na temporada 1955-56, perdendo a final por 4 a 3 para o Real Madrid, em Paris. Em 1958-59, em Stuttgart (Alemanha), voltou a disputar a mesma decisão, com nova derrota para os mesmos espanhóis, por 2 a 0.



Time foi destaque e dominou o futebol francês nos anos 1950

Após 33 anos de penúria, convivendo com a rotina de acessos e descensos nas divisões inferiores, inativo e até falido, o Stade de Reims, da França, retorna à elite na temporada 2012-13. O clube, da histórica Reims, cidade da região de Champagne-Ardenne, a 130 quilômetros de Paris, marcou época, na década de 1950, como a primeira geração de ouro do futebol francês, com títulos e jogadores de destaque mundial. Foi o primeiro vice-campeão da Copa dos Campeões da Europa, a atual Liga dos Campeões (Champions League), na temporada 1955-56, perdendo a final por 4 a 3 para o Real Madrid, em Paris. Em 1958-59, em Stuttgart (Alemanha), voltou a disputar a mesma decisão, com nova derrota para os mesmos espanhóis, por 2 a 0.
 

Imagens da primeira final da Copa dos Campeões: Real Madrid 4 x 3 Stade de Reims

A base daquele time levou a França ao terceiro lugar na Copa do Mundo de 1958, na Suécia – perdeu a semifinal para o Brasil, por 5 a 2. Mas, naquela competição, Just Fontaine, do Reims, foi artilheiro, com 13 gols, jamais igualado ou superado numa mesma Copa. Na disputa do terceiro lugar, Fontaine fez quatro dos seis gols marcados pelos franceses contra a Alemanha, que fez três.

Foto: Just Fontaine, vice europeu em 1958-59

O Stade de Reims foi o primeiro multicampeão do país, conquistando seis títulos franceses, duas Copas da França e cinco Supercopas (confronto entre campeões nacionais e da Copa), entre 1948 e 1962. O primeiro título nacional, no profissionalismo, ocorreu em 1948-49, somando um ponto a mais que o Lille, o vice. O Reims tinha Robert Jonquet, Roger Marche, Armand Penverne e Albert Batteux, que estariam na Suécia nove anos depois – o último como treinador, tanto da seleção como já então do próprio time. Na temporada 1949-50 conquistou a Copa da França. Outros títulos foram ganhos na década de 1950 e início dos anos 1960, quando começou a decadência.

















Time que conquistou o primeiro título do Stade de Reims, em 1948-49: André Jacowski, André Petitfils, Robert Jonquet, Antoine Abenoza, Jean Prouff e Roger Marche (em pé); Pierre Flamion, Pierre Sinibaldi, Noël Sinibaldi, Albert Batteux e Pierre Bini (agachados)

O primeiro time a superar o Stade de Reims em títulos nacionais foi o Sant-Étienne (que detém o recorde até agora, com dez conquistas), em 1973-74. Olympique de Marseille (9), Nantes (8), Monaco (7) e Lyon (7) passaram o Reims, que ainda está empatado com o Bordeaux (6). Vale um detalhe: a Ligue 1 (Division 1 até 2002), denominação da competição, é uma das mais equilibradas da Europa, com 19 campeões, mas nenhum deles disparado. O Sant-Étienne também perambulou na divisão inferior, assim como o Marseille. Nantes e Monaco estão penando na Ligue 2 nos últimos anos. O rico Paris Saint-Germain só conquistou dois títulos até hoje (um deles com o ribeirão-pretano Raí, em 1993-94). Lens e Auxerre (1 título cada), campeões nos anos 1990, também estão na Ligue 2.

Agora, a população de Reims, com 188 mil habitantes, poderá ver o time na elite novamente, no Stade Auguste Delaune, com capacidade para 21.668 pessoas. O primeiro jogo na Ligue 1 será diante de sua torcida, em 10 de agosto, contra o Olympique de Marseille.

Foto: Stade Auguste Delaune (crédito: site oficial do Stade de Reims)

O clube
O clube surgiu em 1911 como Societé Sportive Du Parc Pommery, mas em 18 de junho de 1831 (data considerada oficial de sua fundação) ocorreu a mudança para Stade de Reims. Em 1938 houve uma fusão com o outro time da cidade, o Sporting Club Remóis, fundado em 1904, mas o nome foi mantido e somente as cores vermelho e branco foram adotadas do Remóis.
Em 1952-53 o Reims venceu a Copa Latina, uma espécie de precursora da Liga dos Campeões da Uefa. Nessa época, o time já era dirigido por Batteux e jogava ofensivamente, com passes curtos. O atacante Raymond Kopa já estava no elenco. Michel Hidalgo chegou e foi vice-europeu em 1955-56 contra o Real Madrid do argentino-espanhol Alfredo Di Stéfano. Três anos depois, 1958-59, Kopa estava ao lado de Di Stéfano no Real que bateu a equipe francesa que tinha Fontaine, Roger Piantoni e Jean Vincent, além do goleiro Dominique Colonna – todos estiveram na Copa do Mundo um ano antes. Lembrete: somente os campeões nacionais disputavam a Copa dos Campeões.

O declínio, mas com um ídolo: Carlos Bianchi
Depois do vice em 1962-63, o Stade de Reims caiu na temporada seguinte, com Kopa e Vincent na equipe. Retornou em 1966-67 e caiu no mesmo ano, com novo retorno em 1970-71. Ficou na elite até 1978-79, quando entrou no abismo definitivo, até 2011-12. No último período na elite, o argentino Carlos Bianchi (técnico campeão da Libertadores por Vélez Sarsfield e Boca Juniors nas décadas seguintes) foi o destaque. Entre 1973 e 1977 ele marcou 107 gols em 124 partidas – foi artilheiro de três campeonatos franceses, em 1974 (30 gols), 1976 (34) e 1977 (28). Voltou em 1984-85, na 2ª Divisão, e marcou 8 gols em 18 jogos, mas o time fracassou. O argentino encerrou a carreira de jogador ali e começou como treinador, entre 1985 e 1988, mas novamente sem sucesso pelo clube. A glória como técnico só conheceu mesmo no retorno à Argentina.











Fotos: na maior, Carlos Bianchi fez 107 em quatro anos, depois outros 8 pelo Reims; na menor, cabeludo, na temporada 1973-74

Nos anos 1980 a situação financeira era péssima e o time, sexto colocado, parou na 3ª Divisão em 1990-91 para evitar a falência. Mas não adiantou e a falência foi decretada em outubro de 1991. Dois meses depois foi recriado, como Stade de Reims-Champagne.  Troféus foram leiloados em 1992 e voltar ao topo foi difícil, começando o trajeto na 6ª Divisão. Em 1999 voltou a ter o antigo nome. Passou por acessos e rebaixamentos entre a 2ª e 3ª Divisões. Em 2011-12, finalmente, foi vice-campeão da Ligue 2, atrás do Bastia, e retorna à elite.

Títulos do Stade de Reims

Campeonato Francês (Division 1, atual Ligue 1): 6
Campeão em 1948-49 (vice: Lille), 1952-53 (vice: Sochaux),  1954-55 (vice: Toulouse), 1957-58 (vice: Nîmes), 1959-60 (vice: Nîmes), e 1961-62 (vice: Racing Paris)
(*) Foi vice ainda em 1953-54 (campeão: Lille) e 1962-63 (campeão: Monaco)

Copa da França: 2
Campeão em 1949-50, vencendo o Racing Paris por 2 a 0 diante de 61.722 torcedores, no Estádio Colombes, em Paris; e em 1957-58, superando o Nîmes por 3 a 1, no Colombes, diante de 56.523 pessoas.
(*) Ainda foi vice-campeão em 1976-77 (última decisão que participou), perdendo para o Saint-Étienne por 2 a 1, no Parc des Princes, em Paris, diante de 45.454 torcedores.

Supercopa da França: 5
Campeão em 1949 (4x3 sobre o Racing Paris), 1955 (7x1 no Lille), 1958 (2x1 no Nîmes), 1960 (6x2 contra o Monaco), e 1966 (2x0 contra o Nantes)

Na Liga dos Campeões
O Stade de Reims teve quatro participações na Copa dos Campeões. Além dos vices em 1955-56 e 1958-59, disputou em 1960-61 e em 1962-63. No total, somou 24 jogos: 14 vitórias, três empates e sete derrotas.

Reims, a cidade
Reims é conhecida como a “cidade da consagração real” ou “cidade dos reis” e tem patrimônios religiosos considerados históricos pela Unesco desde 1991, como a sua Catedral de Notre Dame, uma obra-prima gótica, construída em 1211. Na cidade ocorreram 29 cerimônias de coroações de reis, entre 1027 e 1825. A cidade foi fundada por volta de 80 a.C. como Durocorteron, depois teve o nome mudado. Ela sofreu com invasões de Átila, o Huno, em 451, e também nas duas guerras mundiais do século XX.

Um comentário:

  1. Muito bom meu caro.
    Enriquecendo o futebol com seu blog!!!
    Abraços, Romilson.

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