Stade de Reims sai do ostracismo depois de 33 anos
Time foi destaque e dominou o futebol francês nos anos 1950
Após 33 anos de penúria, convivendo com a rotina de acessos e
descensos nas divisões inferiores, inativo e até falido, o Stade de Reims, da
França, retorna à elite na temporada 2012-13. O clube, da histórica Reims, cidade
da região de Champagne-Ardenne, a 130 quilômetros de Paris, marcou época, na
década de 1950, como a primeira geração de ouro do futebol francês, com títulos
e jogadores de destaque mundial. Foi o primeiro vice-campeão da Copa dos Campeões
da Europa, a atual Liga dos Campeões (Champions League), na temporada 1955-56,
perdendo a final por 4 a 3 para o Real Madrid, em Paris. Em 1958-59, em
Stuttgart (Alemanha), voltou a disputar a mesma decisão, com nova derrota para
os mesmos espanhóis, por 2 a 0.
Stade vice-campeão europeu em 1955-56: Raymond Cicci, Simon Zimny, Robert Jonquet, Michel Leblond, René-Jean Jacquet,Robert Siatka, Raoul Giraudo e Armand Penverne (em pé); Michel Hidalgo, Léon Glovacki, Raymond Kopa, René Bliard, Jean Templin e Paul Sinibaldi (agachados)
Time foi destaque e dominou o futebol francês nos anos 1950
Após 33 anos de penúria, convivendo com a rotina de acessos e
descensos nas divisões inferiores, inativo e até falido, o Stade de Reims, da
França, retorna à elite na temporada 2012-13. O clube, da histórica Reims, cidade
da região de Champagne-Ardenne, a 130 quilômetros de Paris, marcou época, na
década de 1950, como a primeira geração de ouro do futebol francês, com títulos
e jogadores de destaque mundial. Foi o primeiro vice-campeão da Copa dos Campeões
da Europa, a atual Liga dos Campeões (Champions League), na temporada 1955-56,
perdendo a final por 4 a 3 para o Real Madrid, em Paris. Em 1958-59, em
Stuttgart (Alemanha), voltou a disputar a mesma decisão, com nova derrota para
os mesmos espanhóis, por 2 a 0.
Imagens da primeira final da Copa dos Campeões: Real Madrid 4 x 3 Stade de Reims
A base daquele time levou a França ao terceiro lugar na Copa do Mundo de 1958, na Suécia – perdeu a semifinal para o Brasil, por 5 a 2. Mas, naquela competição, Just Fontaine, do Reims, foi artilheiro, com 13 gols, jamais igualado ou superado numa mesma Copa. Na disputa do terceiro lugar, Fontaine fez quatro dos seis gols marcados pelos franceses contra a Alemanha, que fez três.
Foto: Just Fontaine, vice europeu em 1958-59
O Stade de Reims foi o primeiro multicampeão do país,
conquistando seis títulos franceses, duas Copas da França e cinco Supercopas
(confronto entre campeões nacionais e da Copa), entre 1948 e 1962. O primeiro
título nacional, no profissionalismo, ocorreu em 1948-49, somando um ponto a
mais que o Lille, o vice. O Reims tinha Robert Jonquet, Roger Marche, Armand Penverne
e Albert Batteux, que estariam na Suécia nove anos depois – o último como
treinador, tanto da seleção como já então do próprio time. Na temporada 1949-50
conquistou a Copa da França. Outros títulos foram ganhos na década de 1950 e
início dos anos 1960, quando começou a decadência.
Time que conquistou o primeiro título do Stade de Reims, em 1948-49: André Jacowski, André Petitfils, Robert Jonquet, Antoine Abenoza, Jean Prouff e Roger Marche (em pé); Pierre Flamion, Pierre Sinibaldi, Noël Sinibaldi, Albert Batteux e Pierre Bini (agachados)
O primeiro time a superar o Stade de Reims em títulos
nacionais foi o Sant-Étienne (que detém o recorde até agora, com dez
conquistas), em 1973-74. Olympique de Marseille (9), Nantes (8), Monaco (7) e
Lyon (7) passaram o Reims, que ainda está empatado com o Bordeaux (6). Vale um
detalhe: a Ligue 1 (Division 1 até 2002), denominação da competição, é uma das
mais equilibradas da Europa, com 19 campeões, mas nenhum deles disparado. O
Sant-Étienne também perambulou na divisão inferior, assim como o Marseille.
Nantes e Monaco estão penando na Ligue 2 nos últimos anos. O rico Paris
Saint-Germain só conquistou dois títulos até hoje (um deles com o
ribeirão-pretano Raí, em 1993-94). Lens e Auxerre (1 título cada), campeões nos
anos 1990, também estão na Ligue 2.
Agora, a população de Reims, com 188 mil habitantes, poderá ver o time na elite novamente, no Stade Auguste Delaune, com capacidade para 21.668 pessoas. O primeiro jogo na Ligue 1 será diante de sua torcida, em 10 de agosto, contra o Olympique de Marseille.
Foto: Stade Auguste Delaune (crédito: site oficial do Stade de Reims)
O clube
O clube surgiu em 1911 como Societé Sportive Du Parc Pommery,
mas em 18 de junho de 1831 (data considerada oficial de sua fundação) ocorreu a
mudança para Stade de Reims. Em 1938 houve uma fusão com o outro time da
cidade, o Sporting Club Remóis, fundado em 1904, mas o nome foi mantido e
somente as cores vermelho e branco foram adotadas do Remóis.
Em
1952-53 o Reims venceu a Copa Latina, uma espécie de precursora da Liga dos
Campeões da Uefa. Nessa época, o time já era dirigido por Batteux e jogava
ofensivamente, com passes curtos. O atacante Raymond Kopa já estava no elenco.
Michel Hidalgo chegou e foi vice-europeu em 1955-56 contra o Real Madrid do
argentino-espanhol Alfredo Di Stéfano. Três anos depois, 1958-59, Kopa estava
ao lado de Di Stéfano no Real que bateu a equipe francesa que tinha Fontaine,
Roger Piantoni e Jean Vincent, além do goleiro Dominique Colonna – todos
estiveram na Copa do Mundo um ano antes. Lembrete: somente os campeões
nacionais disputavam a Copa dos Campeões.
O declínio, mas com um ídolo: Carlos Bianchi
Depois do
vice em 1962-63, o Stade de Reims caiu na temporada seguinte, com Kopa e
Vincent na equipe. Retornou em 1966-67 e caiu no mesmo ano, com novo retorno em
1970-71. Ficou na elite até 1978-79, quando entrou no abismo definitivo, até
2011-12. No último período na elite, o argentino Carlos Bianchi (técnico
campeão da Libertadores por Vélez Sarsfield e Boca Juniors nas décadas
seguintes) foi o destaque. Entre 1973 e 1977 ele marcou 107 gols em 124 partidas –
foi artilheiro de três campeonatos franceses, em 1974 (30 gols), 1976 (34) e
1977 (28). Voltou em 1984-85, na 2ª Divisão, e marcou 8 gols em 18 jogos, mas o
time fracassou. O argentino encerrou a carreira de jogador ali e começou como
treinador, entre 1985 e 1988, mas novamente sem sucesso pelo clube. A glória como
técnico só conheceu mesmo no retorno à Argentina.
Fotos: na maior, Carlos Bianchi fez 107 em quatro anos, depois outros 8 pelo Reims; na menor, cabeludo, na temporada 1973-74
Nos anos
1980 a situação financeira era péssima e o time, sexto colocado, parou na 3ª
Divisão em 1990-91 para evitar a falência. Mas não adiantou e a falência foi
decretada em outubro de 1991. Dois meses depois foi recriado, como Stade de
Reims-Champagne. Troféus foram leiloados
em 1992 e voltar ao topo foi difícil, começando o trajeto na 6ª Divisão. Em
1999 voltou a ter o antigo nome. Passou por acessos e rebaixamentos entre a 2ª
e 3ª Divisões. Em 2011-12, finalmente, foi vice-campeão da Ligue 2, atrás do
Bastia, e retorna à elite.
Títulos do Stade de Reims
Campeonato Francês (Division 1, atual
Ligue 1): 6
Campeão
em 1948-49 (vice: Lille), 1952-53 (vice: Sochaux), 1954-55 (vice: Toulouse), 1957-58 (vice:
Nîmes), 1959-60 (vice: Nîmes), e 1961-62 (vice: Racing Paris)
(*) Foi
vice ainda em 1953-54 (campeão: Lille) e 1962-63 (campeão: Monaco)
Copa da França: 2
Campeão
em 1949-50, vencendo o Racing Paris por 2 a 0 diante de 61.722 torcedores, no
Estádio Colombes, em Paris; e em 1957-58, superando o Nîmes por 3 a 1, no Colombes,
diante de 56.523 pessoas.
(*) Ainda
foi vice-campeão em 1976-77 (última decisão que participou), perdendo para o
Saint-Étienne por 2 a 1, no Parc des Princes, em Paris, diante de 45.454
torcedores.
Supercopa
da França: 5
Campeão em 1949 (4x3 sobre o Racing Paris), 1955 (7x1 no
Lille), 1958 (2x1 no Nîmes), 1960 (6x2 contra o Monaco), e 1966 (2x0 contra o
Nantes)
Na Liga dos Campeões
O Stade
de Reims teve quatro participações na Copa dos Campeões. Além dos vices em
1955-56 e 1958-59, disputou em 1960-61 e em 1962-63. No total, somou 24 jogos: 14
vitórias, três empates e sete derrotas.
Reims, a cidade
Reims é conhecida como a “cidade da consagração real” ou
“cidade dos reis” e tem patrimônios religiosos considerados históricos pela
Unesco desde 1991, como a sua Catedral de Notre Dame, uma obra-prima gótica,
construída em 1211. Na cidade ocorreram 29 cerimônias de coroações de reis,
entre 1027 e 1825. A cidade foi fundada por volta de 80 a.C. como Durocorteron,
depois teve o nome mudado. Ela sofreu com invasões de Átila, o Huno, em 451, e
também nas duas guerras mundiais do século XX.
Muito bom meu caro.
ResponderExcluirEnriquecendo o futebol com seu blog!!!
Abraços, Romilson.