Na
prorrogação, Portugal vence a França e conquista título inédito
Nada
de canções de fado, mas, talvez, um conto de fadas! Assim pode ser definida a
conquista da Eurocopa por Portugal, que venceu a anfitriã França, na
prorrogação, por 1 a 0, em Saint-Denis. O último dos 108 gols da competição, de
Éder, foi marcado aos 108 minutos e alguns segundos, arredondado para o minuto
109, como determina as regras atuais da Fifa. Esse gol determinou o primeiro
título dos portugueses, que perderam seu ídolo, líder e artilheiro, Cristiano
Ronaldo, nos primeiros minutos da partida, contundido.
O time dirigido por Fernando Santos teve uma atuação
medíocre (traduzindo para os desconhecedores da palavra: mediana, sofrível) na
competição, venceu apenas a semifinal contra País de Gales no tempo
regulamentar, mas ganhou duas prorrogações e uma disputa por pênaltis. Terminou
invicto o torneio (assim como a Suíça e Polônia, eliminados nos pênaltis) e
garantiu a participação na Copa das Confederações de 2018, na Rússia. E a
França, com a força de sua torcida, não soube se impor para garantir o terceiro
título, o segundo em casa.
Cristiano Ronaldo e os gajos levantam a inédita taça
A França começou, como diante da Islândia e da
Alemanha, pressionando o adversário desde o início, com velocidade. Mas, como nessas
e em outras partidas, esse ímpeto diminuiu depois do esforço inicial. Cristiano
Ronaldo foi atingido, numa dividida de jogo, com força por Payet. A pancada
comprometeu o seu joelho esquerdo e ele se arrastou em campo por algum tempo,
mas foi substituído, chorando e de maca, no minuto 25 por Quaresma. A saída do
líder do time, e principal esperança de gols e da conquista, não retraiu
Portugal, que se equilibrou, se desdobrou e marcou bem. O lance mais perigoso
dos franceses foi um cabeceio de Griezmann, para ótima defesa de Rui Patrício.
Nani tinha desperdiçado uma oportunidade no início do jogo.
Gignac e a bola na trave: seria o gol do título...
Griezmann, artilheiro da Eurocopa, com 6 gols, não
teve o mesmo brilho. Pogba raramente apareceu. Payet sumiu na marcação até ser
substituído pelo jovem e veloz Coman, que tentou, mas ainda é um jogador
descoordenado. Giroud é bom em bolas aéreas, mas no chão é sofrível, e deu
lugar a Gignac, um lutador, que teve o gol do título nos pés, nos acréscimos,
após cortar o zagueiro Pepe e chutar na trave. Antes, Quaresma teve uma chance,
de voleio, defendido por Lloris.
Éder e o chute campeão...
Enfim, a decisão seria na prorrogação ou nos pênaltis.
Portugal, que disputava o terceiro tempo extra, mostrou mais equilíbrio. Éder,
que substituiu o jovem Renato Sanches, preocupava os zagueiros franceses. No
segundo tempo, uma falta mal marcada resultou na cobrança do lateral Raphael
Guerreiro, no travessão. Pouco depois, Portugal roubou uma saída de bola e Éder
dominou e chutou de fora da área, sem ser incomodado. O chute certeiro entrou
no canto direito de Lloris. A partir daí, nem com a entrada do veloz e jovem
Martial levou a França ao empate. Talvez o técnico Didier Deschamps se lamente,
um dia, de não ter levado Benzema. Ele seria o atacante que a França precisava
num momento desses.
...e Lloris não chega em tempo na bola da derrota
Cristiano Ronaldo ficou no banco de reservas, como um
auxiliar técnico de Fernando Santos, a partir da prorrogação. Empurrava e
motivava os companheiros. E o time correspondeu. Comemorou como um garoto o gol
consagrador de Éder. Também era sua consagração, o título que faltava, pois a
conquista de uma Copa do Mundo talvez seja difícil. E também era a redenção de
CR7, vice-campeão europeu em 2004, quando Portugal perdeu, em casa, para a limitada
e boa marcadora Grécia, por 1 a 0. Daquele time, os veteranos Ricardo Carvalho (zagueiro)
e Eduardo (goleiro) estavam no banco de reservas.
Coube a Santos dirigir o time português campeão,
substituindo Paulo Bento (atual técnico do Cruzeiro), após a Copa de 2014, no
Brasil. Santos dirigiu a Grécia na Copa, levando a limitada e veterana equipe à
fase oitavas-de-final, quando foi eliminado pela Costa Rica, nos pênaltis.
Segue abaixo uma análise individual dos jogadores portugueses,
campeões da Eurocopa:
Rui
Patrício: goleiro seguro numa posição que sempre teve altos e
baixos em Portugal nos últimos anos
Cédric:
lateral que deu segurança no lado direito, também atacando com eficiência
Pepe:
geralmente um bruto, com cara de expulsão, mas que fez uma Eurocopa impecável,
marcando com firmeza e liderando a defesa
Fonte:
veterano com poucos jogos e que entrou na defesa a partir da fase
oitavas-de-final, deu estabilidade defensiva ao lado de Pepe
Raphael
Guerreiro: jovem e ótimo lateral defensivamente e ofensivamente
William
Carvalho: típico cabeça de área, marca bem, sabe se posicionar
e toca bem
Renato
Sanches: jovem e determinado, joga como se estivesse atuando
na rua do bairro, tem muito a crescer e foi importante na virada portuguesa na
competição a partir das fases eliminatórias
João
Mário: começou mal, recuperou a posição e foi importante no
meio de campo
Adrien
Silva: bom meia, não aparece tanto, mas trabalhou pelo
grupo
Nani:
atuou bem como atacante e meia, liderou o time na final depois da saída de
Cristiano Ronaldo e foi o destaque português ao lado de Pepe na competição
Cristiano
Ronaldo: líder, artilheiro, determinado, fez os gols
necessários e impulsionou o restante do time; não foi o melhor do time na competição,
mas gostem ou não, se não estivesse em campo, Portugal não teria passado da
fase de grupos
Quaresma:
boa opção no banco de reservas, sempre preocupou os adversários
João
Moutinho: bom meia, começou mal e melhorou na reta final
Éder:
teve poucas oportunidades, mas foi decisivo quando acionado, decidindo a
Eurocopa
Bruno
Alves: bruto, violento, jogou apenas a semifinal, mas sem a
truculência habitual
Ricardo
Carvalho: zagueiro veterano, começou como titular, mas perdeu
a posição para Fonte depois do fraco desempenho na fase de grupos
Danilo:
bom volante, mas perdeu a posição de titular para William Carvalho; jogou bem a
semifinal
Vieirinha:
lateral, e dos que entraram em campo foi péssimo e perdeu a posição após a fase
de grupos
André
Gomes: era titular e perdeu a posição para Adrien Silva
Os demais não atuaram na Eurocopa: Lopes e Eduardo (goleiros); Eliseu (lateral);
e Rafa Silva (meia).
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